Confesso que foi puro preconceito que me fez acabar vendo este filme apenas em Blu-Ray e não nos cinemas. Não me refiro aos preconceitos infelizmente óbvios que Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Daniel Ribeiro, 2014 - Lacuna Filmes) sofre de mentes menos abertas, mas sim do meu preconceito contra filmes românticos onde, sempre antes do fim, tudo tem que dar errado para dar certo depois. Essa fórmula é batida e tristemente quase obrigatória e, depois de me maravilhar com o curta Eu Não Quero Voltar Sozinho (Daniel Ribeiro, 2010 - Lacuna Filmes) eu simplesmente não queria ver nada de errado acontecer entre Gabriel e Leonardo, um dos casais mais fofos que eu já vi desde Aladdin e Jasmine. Devo dizer que fiquei muito satisfeito ao ver que Daniel Ribeiro soube usar dos elementos do longa (antagonistas, problemas e outros) sem prejudicar a qualidade da narrativa e nem deixar de nos apresentar a química maravilhosa que tivemos no curta.

Eu acompanhei de perto o lançamento em Home Video do filme e devo aqui elogiar a iniciativa do DVD Pirata Oficial do Filme, vendido a R$10 logo assim que ele saiu de cartaz. Fiquei esperando o Blu-Ray Pirata Oficial e, quando vi que não ia rolar, guardei minha viola no saco e esperei pacientemente para finalmente ter esta obra que eu sabia que iria adorar, mesmo estando com medo de ver.

E minha viola ficou guardada um belo tempo enquanto eu via e (mesmo que ninguém saiba) sentia orgulho de como o filme fazia sucesso em outros países. Vi edições muito bacanas sendo lançadas e me encantei com o trocadilho do título do filme em inglês (The Way He Looks). O tempo todo esperando o dia que o pais de origem do filme receberia uma edição em Blu-Ray capaz de se destacar entre as internacionais.

E não é que realmente é algo lindo de se ter em mãos?

Vamos falar sobre a arte primeiro? O Blu-Ray do filme acompanha duas opções de capa, uma utilizando o poster favorito dos fãs e uma alternativa usando o poster oficial do filme. É só escolher! Ou, se você tem um bom olhar para detalhes como este que vos escreve, vai perceber que a contra-capa alternativa está incompleta (com informações técnicas, código de barras, logotipos e afins faltando) e vai se ver preso à beleza que é a capa de fato do filme.

Capa esta que se encaixa perfeitamente no DVD por ser um poster muito comprido e de arte horizontal limitada, fazendo com que a capa do Blu-Ray fique com bastante espaço a aproveitar. Eu gosto de como fizeram a capa do filme em inglês, com a mesma arte, porém adequada às proporções mais quadradas do Blu-Ray. Outro detalhe que desfavorece o Blu-Ray é o estojo áspero que dificulta ainda mais a percepção de detalhes da arte interna. Nada que trocar o estojo (como eu fiz com o meu) não resolva.

Além da tarja no topo que diz "Edição de Colecionador", também contamos com um adesivo dourado que vem do lado de fora do lacre. Geralmente eu sempre colo este adesivo em algum lugar escondido dentro da embalagem, mas desta vez, quis que ele continuasse na capa. Como dá pra perceber pelas fotos, é apenas mais um motivo que me impede de utilizar a capa alternativa. Desta vez, porém, a culpa é toda minha.

Quando colocamos o disco somos recebidos por um menu inicial que nos oferece duas opções: menu com audiodescrição e menu sem audiodescrição. A narração é feita pelo personagem Gabriel (que não se identifica como Fabio Audi e sim como o personagem, encaixando no roteiro do filme onde ele passa a ser o guia de Leonardo). No menu com audiodescrição temos as opções de iniciar o filme também com audiodescrição e assistir ao curta original também com audiodescrição.

No segundo menu, destinado a quem não depende da audiodescrição, temos todas as opções, como extras variados que incluem o curta original, mais um curta, além de cenas excluídas, teste de elenco e muitos outros extras que recheiam o Blu-Ray do filme.

Apresentação Gráfica:

A imagem do filme, como reconhecida pelo próprio Blu-Ray.com (de onde eu peguei essas capturas de tela lindas) é muito bem apresentada e se utiliza sem erros da alta definição. Não há um frame confuso e tudo isso se une à incrível seleção da trilha sonora, que não se limita a canções nacionais. O áudio se limita aos 5.1 canais, mas é claro e  muito bem equilibrado na relação diálogo/trilha. Toda a experiência do filme é muito agradável.

Autoração:

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é um daqueles filmes que você termina de ver com vontade de se tornar amigo dos personagens e querer ter todos eles na sua vida. O mais interessante do filme é que eu não consigo enxergar ele como um filme LGBT (estilo que eu mesmo nunca gostei) e a forma que o filme trata a sexualidade do casal principal é exatamente o que me faz gostar tanto dele. Não se trata de um filme onde dois meninos se apaixonam e precisam lidar com o mundo. Temos aqui uma hora e meia de um menino cego tentando viver como igual e tendo pulso firme nesta vontade. Ele conquista liberdades na vida como qualquer adolescente, ele sofre bullying, se irrita, sai de casa escondido, faz o que não deve e se apaixona como qualquer adolescente. Vá lá que nem todo adolescente é retribuído, mas isto só deixa o filme mais bonito. Diferente do curta original, não há a menor menção à reação de qualquer pessoa sobre se tratar de um casal de meninos, pois, como é no filme e deveria ser na vida real, não é isso que define a história de alguém.

Conjunto da obra: