Análise de capas 1-01

Atendendo a pedidos, hoje o Blurrei inicia uma série de novos posts pra galera Potterhead. Eles serão o que há de melhor no Blurrei: análise gráfica. Iremos, uma de cada vez, olhar com carinho para as capas de livros da série ao redor do mundo, observando a mensagem que cada uma passa e o impacto almejado com cada uma. Toda essa série será feita exclusivamente com posts escritos e acompanhados da imagem de suas respectivas capas. 

Como disse Julie Andrews, let’s start at the very beginning, a very good place to start…

Em 1997 a série Harry Potter timidamente entrou nas livrarias inglesas com seu primeiríssimo volume. Lançado originalmente em capa dura, mas sem dustcover, o livro mostrava em sua capa a mesma divergência que havia em suas páginas: tratava-se de uma história para crianças, mas estava apresentada num formato adulto. Não havia qualquer ilustração interna e seu filho de nove anos teria uma jornada de 223 páginas pela frente, algo que provavelmente nem você lia à época.

Pelos últimos dezesseis anos a série Harry Potter vem erroneamente sendo vista (num ritmo cada vez mais decrescente, ao menos) como uma história para crianças, o que fazia pouqíssimo sentido. Comece a ler o livro e você verá um bebê de um ano vítima de um serial killer que estava sendo abandonado na porta de seus parentes mais próximos após tal serial killer ter silenciado seus pais e falhado em executá-lo.

É realmente esta história que você quer que uma criança de nove anos leia antes de dormir?

Pretendendo garantir a seu livro um bom lugar nas livrarias e também uma possível sequência, Jo Rowling combinou riqueza literária com linguagem simples e esse casamento foi expresso claramente na capa do livro. Com uma ilustração basicamente infantil ao centro, o livro foi apresentado com traços duros e cores sem graça. A ilustração não se misturava de forma alguma com a parte séria da escrita, apenas transitava com uma estrela no topo direito.

E esse foi o grande problema. As estrelas. Conte com estrelas e fumaça para deixar qualquer coisa infantilizadamente mágica. Walt Disney foi mestre nessa técnica e abriu precedentes por anos a fio depois dele. Não obstante, cá estamos com fumaça e estrelas deixando claro que o livro pertence à ala de literatura infanto-juvenil. Embora tenha sido a intenção de Rowling vendê-lo ao público dos nove aos doze anos, esse pequeno ato infantilizador teve uma repercursão ainda infindada, com várias crianças ao redor do globo precisando de terapia por terem pesadelos por conta dos dementadores.

A contracapa é simples e o primeiro livro é o único a apresentar duas artes diferentes. Nas primeiras edições tínhamos um bruxo que se acreditava ser Nicolau Flamel, contudo ele foi trocado por uma das ilustrações mais clássicas do Professor Dumbledore que nós já vimos. Interessante foi ver como a caracterização de Richard Harris quatro anos depois foi tão similar ao desenho impresso na contra-capa do primeiro livro. Além do desenho, uma pequena sinopse acompanhada de críticas positivas ao livro foram impressas em letras brancas sobre um fundo azul sóbrio. Algumas estrelas acompanham e finalizam a arte.

A lateral é simples, com o texto dividido dentro de três retângulos coloridos, sendo o primeiro da mesma cor do retângulo da capa. No topo temos apenas o rosto do professor Dumbledore (nas primeiras edições com Nicolau Flamel, ele era representado de acordo), detalhe copiado da arte da contra-capa.

No caso do primeiro livro, toda a capa foi feita com Cochin LT Std e a lateral e texto de contra-capa em Adobe Garamond. O texto de todos os livros da saga na Inglaterra foram impressos em ITC Berkeley Oldtyle Std Bk.

O único páis oficial de língua inglesa a não utilizar esta capa foram os Estados Unidos.

RTafuri

Blogger fajuto que sempre diz que vai dedicar mais tempo ao site e nunca cumpre o que promete. Está há cinco anos mantendo o site no ar e todo esse tempo sem saber o que o faz falar dele mesmo na terceira pessoa.

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