Em Blu-Ray: Marisa Monte - Verdade, Uma Ilusão

Ser fã da Marisa Monte é complicado. Você pode ter dois lançamentos num ano só seguidos de uma mega turnê e home vídeo e logo engatar num dos melhores álbuns da carreira dela e ir adiante com uma turnê impecável quanto pode passar metade de uma década sem ouvir o nome dela. Ainda bem que pelo menos dessa vez foi o primeiro caso.

Divulgando o álbum O Que Você Quer Saber de Verdade, a turnê Verdade, Uma Ilusão percorreu o Brasil e a Europa, com 116 shows e um setlist bem curioso que focava no álbum que desejava promover.

A questão é: quando se trata de um DVD da Marisa Monte, nunca podemos esperar o show todo. Algo na produção dela acontece que até hoje estamos para ver o registro de uma turnê em sua integridade em home vídeo. Principalmente na turnê anterior, que o lançamento, num belo digiduplo enluvado, trazia na verdade um documentário com trechos de canções e um CD com apenas nove faixas. Existe na produção de Marisa Monte uma barreira inexplicável de ceder à demanda de mercado que exige cada vez mais que o que seja apresentado no palco seja levado direto para nossas salas.

No caso da turnê Verdade, Uma Ilusão, a seleção de quais músicas iriam para o lançamento oficial foi muito curiosa. O show contava com 25 músicas, porém, nos dias da gravação, apenas 19 foram apresentadas, limando inclusive o público presente da execução das músicas restantes. Não obstante, das 19 músicas gravadas, apenas 18 foram lançadas em vídeo e o CD conta com somente 17 faixas. É bem verdade que essa música específica que ficou de fora (Velha Infância) é uma grande favorita que eu não suporto, então pessoalmente acho que o home vídeo está muito melhor servido sem ela.

Já a apresentação não foi muito grata com os amantes da alta definição. O CD e o DVD, apresentados num lindo digipak, ainda não tiveram a chance de vir parar nas minhas mãos, mas o Blu-Ray, presente num Amaray de estojo fosco e sem impressão no verso, é um dos meus mais novos xodós. Afinal, a cada instante fica clara a relação de amor e ressentimento que eu tenho com essa turnê. As contradições são absurdamente curiosas.

Como temos o show inteiro, os extras ficaram com dois clipes do álbum, nada de entrevistas.

São 18 músicas ininterruptas, onde Marisa, por mais gentil e graciosa que esteja o tempo todo, não fala uma palavra que não seja letra cantada. Nem um oi, nem tchau. Repito: ela está sempre muito gentil, agradece os aplausos e incentiva o público, pelo menos no lançamento, sem dizer uma palavra.

Os únicos álbuns que não estão presentes são MM e Universo Ao Meu Redor (esse realmente não fez a menor falta) então, quando você pensa que vai ver um show cheio de hits de todas as eras, fica com canções para encher álbum o show inteiro. Afinal, do CD que nos deu Panis et Circenses, Magamalabares e Tempos Modernos, ela nos dá Blanco e Arrepio. Preciso falar que, de onde vem Beija Eu, Ainda Lembro, Ensaboa e Eu Sei, ela nos deixou apenas com Diariamente que, por melhor que seja, deixou aquele gosto de quero mais, ainda mais quando Beija Eu fazia parte do show. Eu poderia continuar listando as músicas que ela nos deixou sem, mas acho que já causei dor demais aos leitores.

Mas, apesar de tudo isso, é um show maravilhoso. Do início ao fim. Marisa está bela como nunca sobre um palco num vestido que se integra a tudo. Não há uma peça desencaixada. As projeções são fantásticas e embelezam ainda mais o que já estava bonito.

Eu espero estar conseguindo expressar com clareza como toda a experiência de assistir ao registro da turnê Verdade, Uma Ilusão é contraditório. No fim do show, que dura em nossas mãos apenas 1h10min, você fica com a impressão de "amei, mas não sei, não deveria ter amado". O que me leva a uma conclusão para este post tão contraditória quanto todo o show. Afinal, num mar de desavenças e desencontros, tudo faz sentido e tudo é belo. Marisa Monte nos entrega o que é, sem dúvida, seu melhor registro de turnê até hoje.

RTafuri

Blogger fajuto que sempre diz que vai dedicar mais tempo ao site e nunca cumpre o que promete. Está há cinco anos mantendo o site no ar e todo esse tempo sem saber o que o faz falar dele mesmo na terceira pessoa.

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