COLUNA: 2014: O Ano que a Música Pop Cansou


Entra no ar uma nova categoria do Blurrei: Coluna. Um espaço para considerar várias coisas que formam o nosso universo de Home Entertainment. E vamos começar falando sobre os novos lançamentos no mundo da música!

A temporada 2013/2014 da música Pop renova basicamente TODO seu arsenal, deixando pouquíssimos nomes de fora e esses poucos ainda prometem álbuns novos ainda para este ano. Entretanto, estamos vendo uma nova era da música: não somente na sua divulgação, como Beyoncé fez brilhantemente em seu álbum e está prestes a ser altamente copiada, como também na quantidade incrível de álbuns homônimos lançados. Porém, o mais surpreendente é ver, ou melhor, ouvir, como a música Pop está cansada.

Avril Lavigne, Beyoncé, Britney Jean, Shakira. Este último de fato batizado com um ponto final, criando um charme ainda muito melhor que Britney Jean são álbuns que seguem a mesma premissa: mostrar o artista sem influências externas, mas o que ouvimos é apenas mais do mesmo. Avril Lavigne decidiu deixar claro que não sabe envelhecer mesmo e jogou num liquidificador Let Go e The Best Damn Thing. De qualquer forma o álbum ainda soa lento e, quando algo dançante chega aos ouvidos, fica o clima de "pronto, aqui tá sua música agitada, agora me deixa em paz".

Beyoncé finalmente realizou seu sonho de lançar mais clipes do que músicas pro mesmo álbum e decidiu fazer isso de uma vez. O que eu não entendi foi o lançamento de singles com os respectivos clipes no YouTube. Eu nem sei o que é e o que não é single nesse álbum, afinal eu já vi todos os vídeos. E toda vez que eu ouço o CD eu fico com pena dos fãs "bate-cabelo" que já estavam desolados com 4.

Britney Jean é o retrato da falta de voz e eu não estou falando sobre potência vocal. Britney passou meses dizendo que lançaria um álbum altamente intimista somente para, semanas antes, anunciar o envolvimento extremo de Will.I.Am e destruir tudo. Tanta expectativa para um álbum razoavelmente bom (as fotos então, são as mais lindas), mas que está longe de ser marcante.

Celine Dion atira para todos os lados e acerta vários alvos, mas já era de se esperar que fosse lento. Alive da Jessie J começa com todo o pique, mas entra na fossa e, por mais que nos apresente músicas lindas, nos deixa bem quietinhos no canto ouvindo. E o que é a segunda metade de Prism, da Katy Perry? Tudo se funde como um pacote de bala derretida, onde você não sabe mais onde começa nem termina nada. O CD é tão cansado que nem o designer teve pique para criar uma arte pro disco. Eu não entendo muito de Miley Cyrus, mas ele também é MUITO lento, salvo duas músicas ou três. Nem a participação de Britney Spears ajudou muito para elevar o ritmo do álbum completo.

E chegamos aos dois álbuns lançados efetivamente em 2014 e aqui alterarei a ordem alfabética por artistas para falar deles na ordem de lançamento:

Pouquíssimos brasileiros conhecem o trabalho de Sophie Ellis-Bextor, o que é uma pena, já que estamos falando de música pop de qualidade e sempre muito dançante. Além do maravilhoso sotaque inglês. Acho que, de todas, ela é a única que pode ser perdoada por nos dar um álbum lento. Seu antecessor, de 2011, já era para ter sido assim e ela nunca escondeu a tristeza em ter que engavetar um projeto mais lento. A fórmula Sophie Ellis-Bextor sempre foi te fazer dançar até não sentir mais os pés e encerrar o álbum com uma ou duas músicas lentas e isso funcionou por quatro álbuns. Já no quinto, Wanderlust, ela nos apresenta 10 músicas muito lentas e belas e apenas uma faixa dançante (um verdadeiro desafio para contar de 1 a 13), mas também mais lenta que seus trabalhos anteriores. Para quem não conhece, apresento a vocês Young Blood, o primeiro single do álbum. De qualquer forma, ela ficou mais de três semanas na lista dos álbuns mais vendidos na Inglaterra e foi o primeiro álbum de 2014 a aparecer no chart. Assista ao vídeo:




Por último, Shakira. Eu sou completamente apaixonado pela ideia do ponto final no título do disco, deixando claro que ela é o que basta para o álbum. A primeira coisa estranha sobre o álbum é a capa. É feia e não tem discussão, por mais bonita que a própria Shakira seja. Depois vem a disposição das faixas que pela primeira vez trata o Brasil como o restante da América Latina, colocando primeiro as versões em Espanhol das faixas. O álbum segue o modelo de seu antecessor (inclusive no número de faixas, embora dure 6 minutos a mais) de misturar os dois idiomas, porém deixa o lado dançante lá em Sale El Sol.

Então nós temos nove álbuns que geraram extrema ansiedade de mercado (o álbum da Shakira tem uma primeira tiragem no Brasil de 50.000 cópias e o da Beyoncé conta com o dobro), mas acalmam os ânimos com boa música. Fica repetitivo ao ouvirmos os nove no mesmo dia. Nos deixa com a pergunta de "onde está o pique pra levantar e dançar ou até mesmo pra fazer faxina no domingo?". Repito: são nove álbuns de músicas ótimas, mas são nove álbuns de músicas "cansadas", com momentos mais calmos em cima do palco. Um desafio a basicamente todas estas artistas. Vamos acompanhar e torcer para que consigam.

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RTafuri

Blogger fajuto que sempre diz que vai dedicar mais tempo ao site e nunca cumpre o que promete. Está há cinco anos mantendo o site no ar e todo esse tempo sem saber o que o faz falar dele mesmo na terceira pessoa.

4 comentários:

  1. Essa fase "cansada" do pop, me agradou, e muito. Sou suspeito pra falar sobre isso, mas dos álbuns que ouvi, não me arrependi nenhum pouco.
    Primeiro o da Celine; por mais que ela tenha atirado para todo lado, ainda gosto do álbum como um todo. Ele agrada gregos e troianos, e creio que é uma ótima sugestão de presente para qualquer pessoa.
    Segundo o da Beyoncé: que surpresa agradável ela nos deu com um álbum visual! Embora eu não tenha notado tanta diferença entre as faixas, ainda é algo bom de se ver e ouvir. Talvez seja o mais cansado entre todos rs.
    E por último o da Sophie: não tenho nada mais a dizer sobre o álbum a não ser elogios. As músicas são ótimas e tem arranjos fenomenais. Algum ar de antiguidade, algo que não sei dizer bem o que seja, mas que soa nostálgico e causa encanto.
    Enfim, concordo com o post, e só queria acrescentar mais dois álbuns à lista dos lançamentos 2014, e que seguem o pop "cansado". Louder de Lea Michele, e The Power Of Love de Sam Bailey. Ambos são ótimos, sendo o primeiro da atriz e cantora mais conhecida pelo seu papel no seriado americano Glee, e o segundo da vencedora do The X Factor 2013. Valem a pena ouvir.

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    1. Exato. As músicas são ótimas. Na verdade alguns álbuns são até muito melhores que antecessores, mas deixaram MUITO de fora o elemento dançante do Pop. Celine agradar Gregos e Troianos é realmente por atirar para todo lado. São tiros certeiros, mas nenhum alvo é atingido mais de uma vez. Eu sou suspeito com a Lea, não suporto a voz dela. Quero ouvir o da Sam Bailey, mas graças a Celine, não aguento mais ouvir um segundo de The Power of Love.

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  2. Adorei esse texto. E por mais incrível que pareça, essa fase musical pop um pouco mais lenta está super em alta, mas acho que não perdura por muito tempo. No entanto acho que a maioria dos álbuns pop lançados neste período são ótimos, como por exemplo o "Prism", que apesar de ser bem agitado de inicio, desacelera o ritmo a partir da 10ª faixa. Algumas chegam a ser realmente cansativas, porém são muito gostosas de ouvir, no meu caso, adoro Choose Your Battles, Spiritual, It Takes Two e sou viciado em Double Rainbow. Também fiquei não só surpreso, mas muito feliz pelo novo trabalho da Bey, achei tão estupenda essa ideia de lançar um álbum audiovisual, e apesar da sonoridade lenta, as musicas são bem quentes, e diria até que esse disco seria uma espécie de Erotica da Beyoncé, LOL, e sobre os vídeo clipes: já assisti todos, achei que as vezes foge até da temática das musicas lentas, pois a maioria dos vídeos são tão animados, acho que foi uma forma de compensação e pra que tudo por fim ficasse bem equilibrado. Shakira também é um álbum muito bom, eu inclusive encomendei, achei de bom grado ela homenagear o Brasil em uma canção, e pensava que só eu havia reparado no ponto final do próprio nome dela na arte da capa. Já Britney me decepcionou muito em 2013 com o respectivo "Britney Jean", músicas com batidas muito eletrônicas, sendo que ela prometeu que o álbum não teria nada disso, confesso que prefiro o Femme Fatale. O único trabalho que fugiu de todo esse padrão foi ARTPOP, não sou fã de Gaga, já escutei alguns tracks e achei que tinha muito excesso de dance-eletronic. Assim como no comentário acima, também adorei Louder, Lea Michelle é muito boa no quesito voz, ela aparenta que será uma cantora de bastante êxito no futuro......

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  3. Aquelas batidas frenéticas ficaram para trás. Hoje as apostas são em músicas mais lentas e só para acalmar umas três ou quatro faixas agitadas. Essa volta lembra de músicas com uma conotação mais romântica onde o que valoriza a qualidade vocal da cantora. Cansei de ouvir músicas bem editadas nos estúdios e quando assisto a um live uma verdadeira agressão aos ouvidos. Novamente, estou curtindo muito essa fase, gosto de pop, mas um equilíbrio sempre é necessário para não deixar as coisas monótonas. Claro que clássicos como Crazy in Love estão sempre nos meus playlists rs.

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