Review: Celine Dion Loved Me Back to Life


Lançado em 05 de novembro de 2013, após seis anos sem um álbum de estúdio em inglês, Loved Me Back to Life colocou Celine Dion na posição que ela queria: uma artista de palco que vai lançar uma coisinha aqui e outra ali, sem muita conexão com seus shows. Além disso, Celine reafirma poder se dar ao luxo de não se importar mais com quantidade de CDs vendidos ou posições nos charts de seus singles. Ela escolheu de 13 a 16 músicas que gostaria que o mundo ouvisse e as divulgou para todos.

Dion não se deu ao trabalho nem de fazer videoclipes para seus singles, nem de fazer um ensaio fotográfico para o CD (as fotos utilizadas apareceram numa revista em 2012). Portanto, para me manter fiel ao material, aqui está a minha crítica, com mais de dois meses de atraso.

EDIÇÃO STANDARD E LP

01. Loved Me Back to Life
A faixa-título do álbum o abre de forma promissora, como se estivéssemos puxando pesadas portas de madeira para entrarmos num lugar que nunca vimos. A voz dela está perceptivelmente mais contida e nos deixa com a sensação de que, fosse dez anos atrás, a música estaria cheia de notas estendidas ao máximo. É uma faixa poderosa, mas que não se afasta tanto assim do estilo de Dion, nos dizendo que estamos começando a ouvir um CD que não é tão agitado assim. Podem deixar os sapatos de dança em casa.

02. Somebody Loves Somebody
A faixa tem a decisão inteligente de converter a experiência em algo dançante durante a sua execução, encaixando bem ao fim da anterior e nos dando algo um pouco mais animado somente a partir do refrão. É realmente impossível falar deste álbum sem mencionar a cada dois segundos como Celine parece ter re-educado sua voz para nos dar um álbum diferente. Até as notas mais esticadas são mantidas por perto. É como se, pela primeira vez, ela estivesse preocupada em ter uma total harmonia de voz e instrumental, sem nos dar apenas mais um álbum focado em seus vocais.

03. Incredible feat. Ne-Yo
Estamos falando provavelmente da voz mais poderosa em atividade no momento, já que Whitney não está mais entre nós e Mariah perdeu seu poder no caminho de volta do McDonald's. Adele jamais poderá se comparar à Celine, mas aqui estamos falando do Ne-Yo e o pior "remember" já gravado na história. O pobre sofre para manter uma nota por mais de dois segundos e deixa claro que ele tentou o máximo que podia, já que estava dividindo a faixa com alguém que consegue firulas com a voz que ele jamais sonhou. Com esta música Celine deixa claro que não é uma artista dance (que os remixes a transformem) e que, se os EUA não gostarem, problema deles. É uma boa faixa, uma decisão de single suspeita e baseada no feat. e nos deixa com a sensação de que o álbum ainda guarda algo.

04. Water and a Flame
O que deveria ser a faixa-título é uma excelente música que eu tenho certeza que será esquecida no purgatório das encheções de álbum. O verdadeiro autor da música (Daniel Climafeliz Merriweather) achou que Dion estava tomando o crédito para ela. Sério, ele sequer já ouviu falar em Celine Dion? O mundo todo sabe que ela não compõe, que depende de músicas prontas. A música é maravilhosa e carregada em melancolia da primeira à última nota. Precisava era de um clipe com uma Celine depressiva descabelada e de cara inchada em frente ao telefone, mas ela já deixou claro que não fará clipe algum para este álbum. A faixa salva a sensação da anterior, nos fazendo achar que o CD está transitando por trilhas novas com a mesma segurança de sempre.

05. Breakaway
Não, não é a da Kelly Clarkson (menos mal): é uma música nova e fantástica. Tão maravilhosa que você nem percebe o mesmo verso cantado oito vezes. É a música corta-pulso do álbum e faz jus ao papel com uma letra desesperada e uma combinação maravilhosa de voz e instrumental. Fãs novos e antigos têm orgasmos contínuos pelos quatro minutos e trinta e oito segundos da música e querem que a música seja ouvida por cada cidadão deste planeta.

06. Save Your Soul
Aqui depende de como você escuta. No vinil existe a participação de Malcolm Kelley (também não sei quem é) num rap inserido no meio da música, onde todos os raps no meio de músicas pop ficam. Nenhum CD foi lançado com esta versão e honestamente não sei até onde ela faz falta, afinal a probabilidade de Celine lançá-la como single é mínima e a de existir um videoclip, nula. A faixa é a mais agitada do álbum até agora e é bem despretensiosa sem realmente chegar a lugar algum. Celine brinca aqui com a voz mais do que em todas as cinco faixas anteriores e ela acaba com gostinho de quero mais...

07. Didn't Know Love
..., gostinho este que é esmagado por esta faixa, provavelmente uma das mais lentas do álbum (compete ferozmente pelo posto com a faixa 12). É de fato muito bonita e traz a voz de Dion quase fraca, o que encaixa muito bem na música. Celine aqui parece estar tentando agradar Gregos, Troianos, Americanos e Ingleses ao mesmo tempo, transformando o seu álbum numa salada musical coerente, composta por compositores da moda, feats. com nomes "fortes", músicas agitadas, lentas, corta-pulso, todas uma de cada vez. No final das contas a faixa é boa, vai ter seus fiéis seguidores, mas deixa a maioria com a sensação de que já teve coisa melhor.

08. Thank You
A música "fofinha, bonitinha, cuti-cuti que se você estiver solteiro é melhor pular" do álbum. Não vai a lugar nenhum, mas de novembro pra cá milhares de casais já se dedicaram as letras dessa faixa que fala basicamente sobre estar grato pelo amor do outro. Confesso (com orgulho!) que até eu já fiz isso. É uma excelente e agradável música que termina de uma forma mais elevada do que nós esperávamos durante sua execução.

09. Overjoyed feat. Stevie Wonder
Então a Celine Dion pega uma música mais velha que o primeiro absorvente, se enfia no meio dela, põe no álbum dela e diz que é ela FEAT. a outra pessoa? Tô começando a entender a linha de raciocínio do Climafeliz Merriweather. Verdade seja dita: não diz "feat." na contracapa do CD, vem "duet with", o que é trocar seis por meia dúzia. A música, sim, essa que você ouve na JBFM todo santo dia desde que nasceu, é ótima, mas até a minha avó sabe disso. A participação de Dion ficou muito bem encaixada, fato, mas o mérito vem sido dado ao Stevie Wonder desde a era do banheiro externo, mas é sempre muito boa de ouvir.

10. Thankful
Então você descobre que Overjoyed só foi colocada ali pra separar duas músicas com basicamente o mesmo título. Thankful é a favorita de muitos, levando crédito por "arrepios, emoções que só Celine Dion causa". Acho que é por isso que pra mim ela é mais do mesmo. Volto aqui a falar da salada musical que é esse álbum, sendo essa o ingrediente obrigatório para os fãs do último refrão gospel que é tão comum nos álbuns dela. A letra é ótima e a voz de Celine também é apresentada de várias formas durante sua execução, mas não consegue fazer você parar de se imaginar o que ainda falta, já que o CD está quase acabando.

11. At Seventeen
E aqui vem o que eu acho ser a minha música favorita no álbum todo. Não por sua musicalidade tranquila e reconfortante ou nem ainda pela voz maravilhosa de Dion na execução dos versos, mas simplesmente pela mais pura identificação com a letra. Qualquer um que ficou feliz de ver seus anos adolescentes ficando pra trás e, com eles, todo o isolamento causado por esta sociedade doente vai se sentir num balcão de bar conversando com um velho amigo ao ouvir essa música. Ela parece realmente mais uma conversa do que uma canção, o que faz dela a música que mais chama a atenção para as notas aquietadas de Celine Dion nesse álbum.

12. Always Be Your Girl
Começa com a voz de Celine um pouco mais forte que o normal e isso acompanha a faixa até o fim. O tom agitado, abandonado na faixa seis, continua passando longe e agora já é a hora que você está abraçado ao seu travesseiro favorito ou ao seu cachorro e se pergunta se ainda dá tempo de passar no mercado pra comprar um pote gigante de sorvete. A música aposta nas emoções já exploradas pelas anteriores e se sustenta em ser uma adição. Não tinha lugar melhor pra ela no disco, já que ela isolada parece ser interminável.

13. Unfinished Songs
Clássica canção de fim de álbum pra te deixar feliz e convencido a apertar o play de novo. Não só fim de álbum, mas fim de filme também, com os créditos subindo, você se sentindo esperançoso e confiante que será uma pessoa melhor a partir de agora. Há tempo ainda pra tudo nesta vida e o melhor com certeza ainda está por vir. Conforme a faixa se aproxima do fim você não quer que ela vá embora. Em menos de quatro minutos vocês ficaram amigos pra vida toda e ela sempre será levada com carinho onde quer que você vá. A única coisa errada com ela? Não ter sido colocada como última faixa nas outras edições.

EDIÇÃO DELUXE

14. How Do You Keep the Music Playing
Se o título dela é interminável, imagina a música em si. A pior parte é que, por ser MUITO lenta (espero ter dado destaque suficiente), ela acaba com a sua alegria dada pela faixa anterior. Também destoa do álbum por ser a primeira faixa (lembre-se que não está inclusa na edição normal) a conter notas cantadas excessivamente, nos lembrando das fases passadas de Dion.

15. Lullabye (Goodnight, My Angel)
Com o título de "Canção de Ninar" você começa a achar que, após a música anterior, dormirá por cem anos e só acordará com o beijo de um príncipe. Porém nem com uma canção de ninar Celine conseguiu superar a lentidão da faixa 14 e esta é um pouquinho de nada mais balada. A voz dela está mais de acordo com o restante do CD e você começa a pensar se é realmente assim que o CD vai acabar. É. É assim mesmo que ele vai acabar, pelo menos a edição deluxe, nos levando a crer que estávamos mais bem servidos com apenas 13. Ainda bem que sempre podemos contar com o Japão para nos salvar.

EDIÇÃO JAPONESA

16. Open Arms
SIM! É a mesma Open Arms já gravada por 166156584158798 artistas antes dela (inclusive Mariah Carey) pelos últimos 33 anos! É a mesma Open Arms que Celine usa para abrir seu show em Vegas, porém de uma forma muito mais contida que ao vivo, se encaixando mais à proposta do álbum, mas qualquer coisa para nos tirar do coma das duas músicas anteriores é muito bem recebida. E, afinal, estamos falando de Open Arms. Que atire o primeiro single quem nunca abriu os braços e cantou a plenos pulmões "SO NOW I COME TO YOU WITH OOOOPEN AAAAAAAAAARMS!" Já que Unfinished Songs permaneceu na sua posição original, essa é a melhor forma possível de encerrar o CD, nos devolvendo a vontade de voltar à primeira faixa e continuarmos sendo deliciados pela maravilhosa boa forma da voz de Celine Dion.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O parágrafo sobre Open Arms ficou com a sensação de que acaba do nada, igual a música no CD. Fica a sensação de onde está o clímax, o único ingrediente de Celine Dion que ficou de fora da salada Loved Me Back to Life. Ingrediente esse tão batido e quase obrigatório em suas músicas em inglês que, na verdade, é quase um alívio notar que ele não está ali. Os fãs que não conseguem se adaptar a mudanças reclamam sentindo falta daquela música que estouraria todas as cordas vocais de Dion se cantada toda noite ao vivo.

O álbum traz de tudo um pouco e agrada no final. Se você não é um fã de carteirinha, mas aprecia boa música, a edição padrão, à venda por R$24,90 basicamente em qualquer lugar, está mais do que de bom tamanho, proporcionando a você uma experiência musical mais do que enriquecedora e satisfatória. É também uma ótima opção de presente, já que a música-título do álbum foi confirmada na trilha sonora da próxima novela do Manoel Carlos e, em breve, todos vão querer saber qual é.

Não se esqueça de curtir aqui embaixo e até a próxima!

RTafuri

Blogger fajuto que sempre diz que vai dedicar mais tempo ao site e nunca cumpre o que promete. Está há cinco anos mantendo o site no ar e todo esse tempo sem saber o que o faz falar dele mesmo na terceira pessoa.

3 comentários:

  1. Amo Adele, mas concordo que apesar de glamurosa e bonita, celine pisa com seus agudos na fraca voz de Adele

    mas achei desnecessario o ''(menos mal)'' quando citou kelly clarkson, kelly clarkson é ótima em tudo que faz.... nao alcança notas com as da Celine mas nao fica nem um pouco longe,e dança cantando, faz clipes sensacionais, as letras sao maravilhosas... nada mal um feat. entre as duas

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  2. Muito bom o seu review, apenas acho que At Seventeen não é tão boa assim, no restante concordo plenamente e fiquei frustado em saber que Celine deixou claro que não fará nenhum clip para este álbum, mas gostei de saber que fará parta de uma novela global.

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  3. Parabéns pelo texto. Concordo com vc em quase todas as suas considerações. Sou fã sim de carteirinha de Celine e não entendo a escolha de algumas musicas para " encher" o cd. Mas, este é um dos melhores trabalhos dela nos ultimos tempos. Prefiro sempre os albuns lançados em lingua francesa, porém LBTL me surpreendeu em poder ouvir uma Celine mais contida, estudando melhor a colacação de sua potente voz.
    Enfim, obrigada pela critica e por suas positivas considerações!

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