Blu-Ray Dissecado: A Vida em Preto e Branco

Que tal um dos filmes mais legais que você já viu ou vai ver na vida?


"A Vida Em Preto e Branco", título em Português não tão adequado de "Pleasantville" (1998, New Line Cinema, dirigido por Gary Ross) conta a história da clássica família americana dos anos 90: completamente disfuncional. Dois irmãos que não se dão nada bem se encontram presos no programa de TV favorito do irmão nerd: Pleasantville, nome de cidade quase tão popular nos EUA quanto Springfield. Um típico vilarejo no fim dos anos 50, onde tudo era feliz, todos os casamentos eram prósperos, os adolescentes, alunos esforçados. Times de basquete jamais erravam um lançamento e tudo era tão sem variação que o programa, assim como o seu próprio universo, era em preto e branco.
O filme gira em torno de descobrir a vida real, com todas suas nuances e tons e, conforme os dois personagens principais fazem isso, o universo perfeito de Pleasantville vai se transformando e, gradativamente, ganhando cores.

Agora repare no que é mais interessante sobre tudo isso. Estamos falando de um filme de 1998, antes de Matrix e toda a maravilha de efeitos especiais que o mundo se tornou nos últimos catorze anos. Então estamos falando do filme com mais efeitos especiais dessa era.

Filmado totalmente a cores e convenientemente colocado em preto e branco apenas onde deveria estar, o filme aborda de forma simultânea dois processos muito complexos da vida humana: descobrir que você é capaz de avançar e evoluir, não apenas de fazer o que está pré-determinado pra você e, mais importante, se aceitar como uma pessoa normal e garantir seu espaço no mundo desta forma. Obviamente, o mundo não está pronto para aceitar que você seja diferente do esperado.

Mais interessante ainda de observar durante o desenrolar do filme é que não tratamos de uma história batida contada de forma óbvia. Não temos duas personagens estranhas que invadem um universo coeso tentando alterar suas regras para o que nós consideramos normal. A personagem de Tobey Maguire (Homem-Aranha), o irmão nerd que era fã do seriado precisa, por conta própria, aceitar a mudança que a presença dele impôs naquele lugar.
O longa é pontuado por cenas do mais puro aproveitamento da situação, principalmente quando o assunto envolve a descoberta do sexo. Leve em conta que a personagem de Reese Whitherspoon (Legalmente Loira) já é uma menina dos anos 90 "bem-resolvida", então quem descobre os prazeres da vida é sua mãe, maravilhosamente interpretada por Joan Allen (A Outra Face da Raiva), que vai levar sua personagem a uma das mais complexas, e por que não completas, jornadas de todo o filme em comparação às outras personagens. Tudo isso girando em torno de se descobrir por completo e descobrir, acima de tudo, o que te faz feliz. Agora pare e pense, antes mesmo de assistir ao filme, qual será a jornada da personagem de Witherspoon, afinal ela já sabia o que era o sexo.

Tudo culmina, obviamente, numa explosão de preconceito daqueles que permanecem em preto e branco, que são os considerados "normais" contra os coloridos, diferentes e dignos de repulsa. Quaisquer situações de preconceito do nosso mundo real são muito benvindas à metáfora aqui presente. O final do filme é muito bem recebido e nos deixa com a sensação de que estamos prontos para a próxima jornada.

O longa conta ainda com maravilhosas atuações de Jeff Daniels (Looper), William H. Macy (da série Shameless) e foi a última atuação de J. T. Walsh (Epidemia), que faleceu logo após concluir as filmagens.

Embora não tenha arrecadado muito, "A Vida em Preto e Branco" é um sucesso inquestionável de crítica e cai nos braços de qualquer um que o assista. É sem dúvida um daqueles filmes que você não cansa de ver e que é sempre muito adequado para quando você quer se distrair vendo um filme que vá te fazer sentir bem.

Hoje o filme pode ser adquirido num Blu-Ray simples sem muitos extras (na verdade os mesmos extras da edição original em DVD, nada legal, dona Warner) por R$39,90 em basicamente qualquer rede.

Já no meu caso, eu comprei o filme em algum momento de 2012, quando visitei a Livraria Cultura do Fashion Mall (a primeira do Rio) pela primeira vez.

Uma edição que vale a pena pelo próprio filme, com uma capa que não faz jus a nenhum de seus magníficos pôsteres e sem nenhum extra novo. O que é interessante de ver é que, mesmo sendo um filme já de catálogo, ele foi lançado (inclusive nos EUA) com áudio e legendas em PT-BR. 


Filme: ★★★★
Extras: ★★
Embalagem: ★

Confira o trailer e assista a este maravilhoso filme!

RTafuri

Blogger fajuto que sempre diz que vai dedicar mais tempo ao site e nunca cumpre o que promete. Está há cinco anos mantendo o site no ar e todo esse tempo sem saber o que o faz falar dele mesmo na terceira pessoa.

2 comentários:

  1. Vamos postar 3 merdas quaisquer pra jogar o post da promoção enganosa na página 2! Vamos todos morrer mesmo...

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    1. O Resultado da promoção foi divulgado antes das postagens mais recentes. Se não gosta do Blurrei.com é só não acessar.

      Grato,
      Raphael Tafuri.
      Webmaster

      http://www.youtube.com/watch?v=dOuESVdfxtY

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