Blu-Ray e DVD Dissecado: Celine Dion - Turnê Mundial Taking Chances


Com seu nome impresso em tinta permanente na lista de Artistas Pop que vendem mais que água no Deserto, Celine Dion deu a seus fãs uma década mais de consagração de suas músicas já conhecidas do que o lançamento de novos hits. Para uma artista que não escreve as próprias músicas, colocar no mercado vários álbuns não é exatamente um problema, como Dion provou nos anos 90 com 13 álbuns em 10 anos (4 em inglês, 3 em francês, 3 ao vivo, 2 coletâneas e 1 natalino), com sucessos como Because You Loved Me e My Heart Will Go On (esta última vem sido o encerramento de todos seus shows desde o lançamento).

Na primeira década do século XXI, Celine se consagrou ao ficar cinco anos com shows praticamente diários em Las Vegas e tendo um público estrondoso, ficando de fora da listagem das maiores turnês por simplesmente não ter mudado o endereço de seus shows milimetricamente ensaiados, mas também ficou marcada pelo relançamento exagerado de seus álbuns de estúdio, bem como não lançar um álbum de inéditas desde a dobradinha francês + inglês pobremente divulgada em 2007. Seu último álbum de estúdio ganhou apenas um videoclipe e isso tudo foi por conta de Celine entrar imediatamente em uma turnê mundial, a segunda maior por uma artista solo feminina, ficando atrás somente da Sticky & Sweet Tour, ambas do mesmo ano.

A Taking Chances Tour era composta de várias estruturas. Havia uma tracklist em inglês e uma predominantemente em francês para os países francófonos. O palco principal era central, mas também havia um palco simples para lugares que não comportassem a estrutura do principal. O figurino de Dion também era variado de acordo com a vontade da própria cantora e de sua equipe e o show era marcado pelo enorme contato de Dion com seu público.

O palco principal da Taking Chances World Tour.

Durante a turnê o site oficial da cantora anunciou o lançamento em DVD Duplo, com dois shows (um em inglês e um em francês) e várias horas de extras. Eram realmente tantas horas de material filmado por trás do show que foi decidido lançar um documentário de duas horas nos cinemas em fevereiro de 2010.

Mais tarde naquele ano Dion anunciou o lançamento da turnê nos seguintes formatos:
CD + DVD do show em inglês, gravado em Boston;
CD + DVD do show em francês, gravado em Montréal;
DVD do documentário Celine Through the Eyes of the World, com três horas de duração;
Blu-Ray do documentário Celine Through the Eyes of the World, com as mesmas três horas;
DVD Duplo Deluxe do Documentário + Show em Inglês.

Aqui vamos dissecar os dois kits CD + DVD e o Blu-Ray do Documentário. Prontos? Vamos lá!



Conteúdo:

Para demonstrar o respeito de Celine por seus fãs francófonos, o Documentário foi lançado sob os nomes "Through the Eyes of the World" e "Autour du Monde". A versão em DVD é um Digipak sem luva, mas o conteúdo é exatamente o mesmo, então apenas uma versão do documentário já deve bastar na sua coleção.
O grande problema na verdade é sempre o show em francês, supostamente gravado em Montreal, mas que, na maioria das músicas em inglês, você assiste ao show de Boston. A foto à esquerda é da canção Taking Chances no DVD em francês e, a da direita, da mesma música no show de Boston. A edição dos DVDs excluiu uma música do show em inglês (I'm Your Angel, gravada em Boston) e duas do show em francês (The Power of Love, presente no DVD em inglês e Tout L'Or des Hommes, gravada em Montreal). A tracklist do show em inglês é bastante similar à do DVD ao vivo anterior de Celine (principalmente o último bloco, com as mesmas canções e na mesma ordem). Os que não são muito fãs de Dion não enxergam essa característica com bons olhos.

O que é peculiar, na verdade, é a péssima escolha de shows para se lançar em DVD. A plateia fica sentada parada nas músicas mais agitadas do show, às vezes imagino que o ingresso acompanhava uma cartela de Diazepam. O que não consigo entender é como permitiram que tal comportamento de público fosse divulgado para o mundo. Confira na foto abaixo como dá pra ter a impressão de que Celine se diverte sozinha no palco com seus dançarinos (a animação dela, aliás, é fantástica o show todo, assim como seu contato tão próximo com o público):

Os shows acompanham um CD de áudio com algumas músicas do show, mas a preferência aos áudios dos interlúdios em vez das músicas que ela canta parece uma escolha comum e não muito feliz nos CDs ao vivo ultimamente.

O show em inglês vem com 18 músicas (3 medleys, elevando o número de canções para 28 - os medleys não trazem as músicas inteiras) e o CD com 19 faixas (incluindo interlúdios e as faixas do primeiro medley separadas e deixando 3 músicas de fora).

O show em francês é maior, com 20 músicas (com 2 medleys, o número sobe para 27), mas o CD é menor, com apenas 17 faixas (com os interlúdios, 4 músicas ficam de fora)

Nota para Conteúdo:



Arte:

Essa é a versão dos Estados Unidos do Blu-Ray do documentário e é apresentada numa embalagem Elite simples, mas muito bem trabalhada. Eu sempre gostei do poster desse filme, assim como sempre achei essa uma das fotos mais bonitas de Dion até agora. Achei bastante interessante a arte da contracapa acompanhar a foto do estádio e, ao invés de uma sinopse, colocar oito críticas. É uma pena só que esqueceram as informações técnicas do filme e do Blu-Ray. Você só descobre que o documentário dura três horas por uma etiqueta colada na capa.
Essa coisa de turnê mundial colocar o nome dos países por onde passa com fonte de placa de aeroporto é bem batida, mas isso não quer dizer que o resultado final não ficou muito bom. Acima, o verso da capa do Blu-Ray do documentário e, abaixo, como a imagem foi excelentemente aproveitada junto com o encarte e a arte do disco:


Esse encarte é bem pequeno, com apenas oito páginas, mas vem com várias fotos em miniatura e traz, finalmente, as informações técnicas do Blu-Ray.

Uma característica comum que falta em todos os lançamentos da turnê é algo que diga ao consumidor que existe mais o que ser adquirido do que apenas aquele que ele tem em mãos. Nem digo nada sobre o Brasil, que lançou apenas o CD+DVD do show em inglês, mas dos outros países também.







Os shows propriamente ditos são comercializados em embalagens softpak, como dá pra conferir na foto acima. O kit do show em inglês é de procedência nacional (marcado pelo enorme retângulo branco da censura e da tiragem (1ª, com 10.000 cópias) junto ao código de barras. Entretanto, a arte é bem curiosa. Assim como aconteceu com o álbum de estúdio que batizou a turnê, esse CD saiu com a sua segunda capa divulgada, visto que a primeira não era tão convidativa assim. A arte está longe de ser exemplar por alguns pequenos detalhes importantes demais pra gente fingir que não existem: só há espaço para uma listagem de músicas na contracapa e, quando diz que contém um CD e um DVD você acaba achando que a lista vale pros dois, mesmo que diga "DVD do Show" no topo. O outro detalhe que é mais considerável é a capa. Como eu disse acima, o figurino variava de acordo com a vontade de Celine e, embora ela tenha usado quase a mesma roupa (mudando só o vestido da última música), em momento algum ela aparece com o vestido preto da capa.

Um outro detalhe também é o uso do logotipo "DVD", altamente mal posicionado na capa somente do show em inglês. A arte do nome também é menor nessa versão e, para isso, não há explicação.





Na primeira foto que exibe os kits abertos você pode ver a capa da versão em francês com o verso do kit em inglês. Nesta foto está ao contrário e podemos ver que a qualidade da impressão do kit em francês (de procedência canadense, neste caso) é bem maior. O texto da contracapa está muito mais definido, permitindo a leitura inclusive dos créditos da produção ao fundo e, no verso, existe impressão em todo o papel, deixando o fundo preto, diferente do nacional, que tem o fundo branco. Uma vantagem no nacional, contudo é que, visto a obrigação de mencionar que não existe legenda em português, temos toda a descrição de áudio e legenda, informação não contida na outra embalagem. O uso da mesma arte é bem útil para promover a identidade visual do produto e a padronização de conteúdo é realmente excelente. Uma embalagem não passa da versão traduzida da outra, deixando bem claro que fazem parte de uma coisa única e impossível de dividir. Na versão em francês ocorrem dois erros na listagem das músicas. A canção "Eyes on Me", a sexta do show, não está presente na listagem, mas está no DVD. E, também, a música 16 se chama "Love Can Move Mountains", mas não é bem isso que está escrito.





A embalagem softpak não oferece a menor proteção aos discos, sendo, na verdade, um envelope mais bonitinho do que aqueles que acompanham os CDs graváveis de um real. O disco fica solto dentro da embalagem, em atrito constante com o papelão. Muitos são os que já customizaram suas embalagens para oferecer maior proteção ao disco. Outra situação que também não é nada boa na embalagem nacional é a cola, altamente ineficaz e que agora permite que meu encarte seja liberado pelos dois lados.


Os discos brasileiros são cortesia da Sonopress, o que quer dizer que a impressão não é exatamente a porcaria usual da Microservice, mas também é áspera e ilegível, inclusive os créditos dos discos propriamente ditos. O Blu-Ray é fabricado pela própria Sony DADC. É só uma pena estar escrito "Blue-Ray" duas vezes no disco. Os discos da versão em francês são de impressão lisa e permitem ler com mais clareza o conteúdo, assim como na embalagem.

Os encartes dos shows também são pequenos, apenas oito páginas, assim como o do Blu-Ray. Creio que é para você ter a sensação que seu kit é inferior e adquirir o Deluxe.

Nota para arte:



Autoração:
Créditos desta foto: Bluray.com

O Blu-Ray do documentário demora um tanto para carregar e, pelo menos no meu TecToy 750 ele sempre recomenda uma atualização de firmware (não é padronizada, já que no computador ele não fala nada), mas, depois que carrega, é uma maravilha.

Créditos desta imagem: Bluray.com

O documentário não mostra exatamente como o show foi feito (embora acompanhe Celine em vários ensaios), mas sim a acompanha ao redor do mundo durante a turnê. E, embora seja um filme em inglês, Celine e sua família falam entre si em francês a maior parte do tempo. A legenda em inglês é embutida de uma forma muito legal, acompanhando toda a divulgação do filme e do show, com as placas no estilo aeroporto trocando a cada linha.


A única diferença entre os menus do DVD em francês para a edição em inglês é, assim como a capa, o idioma. Nada mais muda, nem as fotos, nem as músicas de fundo. O menu principal toca o refrão de Taking Chances, chamando ainda mais a atenção para o menu do Blu-Ray do documentário (que, dotado de Java, pode ser acessado sem sair do filme) que toca a instrumental de "The Show Must Go On", música do Queen cantada por ela no show que casa muito bem com as imagens rápidas de Celine entrando e saindo de lugares diversos e de sua equipe carregando equipamento na tempestade.

O menu só é animado na página principal. De resto, todos são estáticos. Os créditos são feitos com páginas de menu estáticas da mesma forma e pode-se selecionar entre os créditos do DVD ou do show.


O áudio dos dois DVDs são disponibilizados em Dolby 2.0 Stereo e Dolby 5.1 Surround e as legendas em Alemão, Inglês, Francês, Italiano, Holandês, Japonês, Coreano, Mandarin, Espanhol e Tailandês. Nenhum dos três discos tem restrição de região (A-B-C pro Blu-Ray e 0 pro DVD).













Bit-Rate e Utilização dos Discos:

Ainda estou procurando um programa para me dar um gráfico do Bit-Rate de um BD, já que o BDInfo simplesmente se recusa a dar essa informação para o Through the Eyes of the World, mas o meu TecToy mostra uma variação entre 17 e 30 MB/seg. O disco é de Dupla Camada, com 38.2GB utilizados.

DVD em Inglês: Camada Dupla: 5.64GB utilizados:



DVD em Francês: Camada Dupla: 6.09GB utilizados:

Nota para autoração:




Extras:

Quer extra maior do que um documentário de três horas acompanhando Celine por um ano? O problema todo é que você tem que comprar o extra por fora. Isso não é nada legal. Não há um instante sequer em que ela sente numa cadeira de frente pra câmera e diga algo sobre a produção, estética ou realização dos seus shows. Em nenhum disco sequer há a opção de extras. Se, de acordo com a própria equipe de Celine, foram filmadas 800 horas de conteúdo, sobram ainda 797 horas, não tinha nada mesmo que pudesse ser utilizado como extra pros shows? Creio que seria ainda mais convidativo se o show em inglês e o em francês trouxessem extras diferentes, como um featurette da passagem de Celine por aquela cidade. Com certeza os fãs menos ávidos teriam um motivo a mais para adquirir dois produtos que, a julgar pela capa, são a mesma coisa.

Nota para os extras:



Considerações Finais:

Sendo fã de Celine desde os treze anos (uma década de dedicação, acho que farei algo para comemorar) eu digo com firmeza que essa turnê tem as melhores versões das músicas dela. O show em inglês traz seis músicas de seu último álbum, Taking Chances, sendo quatro seguidas no terceiro bloco. O show em francês, infelizmente, contém apenas a primeira música do álbum D'elles, lançado também em 2007 e que deveria ser melhor divulgado no show.

Eu me decepcionei muito (e já expressei isso aqui) quando vi que o show em francês trazia tantos trechos do show de Boston. Eu já tinha o show em inglês e não precisava pagar a fortuna que foi o show importado em francês por 12 apresentações idênticas.

Celine abria os shows cantando na capela "I drove all night to get to you" completando com a pergunta "is that all right" para o público, os cumprimentando e usando a própria música para se aproximar do público. Nos dois DVDs a parte na capela foi limada, deixando ela só perguntar "is that all right". No documentário podemos conferir isso, o que faz dessa parte também o ponto alto de todo o produto, pois, não apenas a canção está inteira, mas é uma montagem de vários lugares por onde ela passou, mostrando numa única música toda a versatilidade de seu show. Confira este trecho abaixo:



No Brasil, o lançamento em Home Video da turnê deixa ainda mais claro que qualquer coisa que Celine lance que venha com "My Heart Will Go On" terá seu lugar garantido na lista dos mais vendidos. Com apenas decoração nas lojas, sem nenhum anúncio de TV, rádio ou revista (com exceção das revistas das lojas) o kit CD+DVD chegou em poucas semanas à oitava posição no mercado nacional e vale muito a pena ser visto, inclusive o show em francês, pois, falando como fã, as oito de vinte canções diferentes compensam todo o resto.

Nota para o conjunto da obra:




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Até a próxima!

RTafuri

Blogger fajuto que sempre diz que vai dedicar mais tempo ao site e nunca cumpre o que promete. Está há cinco anos mantendo o site no ar e todo esse tempo sem saber o que o faz falar dele mesmo na terceira pessoa.

6 comentários:

  1. Wow! Isso é que é gostar de um artista. Bastante profissional e compleo o seu texto. Parabéns!

    Mas na parte da "arte", vc fez tantas críticas que achei que no final ia ficar com menos estrelinhas.

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  2. É pq eu carreguei o arquivo errado. Já está consertado.;)

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  3. RTafuri esxiste também a versão deluxe que na verdade é um digibook que contém o documentário e o Show, tanto em francês quanto em inglês, e ainda vem com card destacáveis!

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  4. Joao Paulo, eu mencionei essa versão no topo do post, mas como já tinha as versões da foto que fecha o post, eu achei que os cards não compensavam a compra. Mas tem certeza que também tem a versão com o show em francês? Por mais que faça sentido, eu só via em inglês.

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  5. EU TENHO AMBAS AS VERSÕES, MAS PREFIRO A VERSÃO EM FRANCÊS ehehe

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